Você sabe o tamanho da importância para o sudeste em preservar a Amazônia?

A preservação da Amazônia vai muito além da conservação da biodiversidade local. Ela impacta diretamente o regime de chuvas no sudeste do Brasil, influencia a agricultura e impede a desertificação em áreas férteis do país. O cientista Carlos Nobre já alertava em 2019 sobre o risco de a floresta se transformar em savana, e agora enfrentamos a pior seca já registrada no Brasil. Será que essa "profecia" já começou a se realizar?

9/5/20242 min read

A floresta Amazônica não é apenas uma paisagem exuberante: é uma peça fundamental na manutenção do clima, na agricultura, e até no conforto das cidades brasileiras. Vamos entender por quê.

A preservação da Amazônia é essencial para o equilíbrio climático do Brasil, da América do Sul, e, em particular, para a regulação das chuvas no Sudeste. Localizada em uma latitude próxima à do Deserto do Saara, a floresta só não compartilha das mesmas condições áridas por causa dos “rios voadores” que ela gera — correntes de ar carregadas de vapor d'água gerados pela floresta e que trazem umidade para o Sul e Sudeste. Fenômeno que é fundamental para o regime de chuvas que abastece áreas agricultáveis e urbanas no Brasil e em outros países da América do Sul.

O climatologista Carlos Nobre já alertava, em 2019, que estamos nos aproximando de um ponto de inflexão. Segundo ele, se o desmatamento continuar a crescer, cerca de 20% a 25% da floresta amazônica pode ser destruída, transformando-a em uma savana tropical. Esse processo já está em curso, com os dois últimos anos trazendo as piores secas já registradas na Amazônia.

Em 2024 o CEMADEN registrou a pior estiagem no Brasil em toda sua série histórica, que atinge cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados no do país, o que corresponde a 58% do território nacional. O que antes era um alerta, agora começa a se tornar realidade. A crise hídrica, agravada pela falta de chuvas e pelas altas temperaturas, impacta diretamente a produção agrícola, o abastecimento de água e a geração de energia.

A floresta amazônica também é essencial na absorção de dióxido de carbono, capturando cerca de 2 bilhões de toneladas por ano. Isso a torna uma peça-chave na mitigação das mudanças climáticas, já que o mundo emite cerca de 40 bilhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente. Portanto, os incêndios e o desmatamento não só liberam grandes quantidades de carbono, como também reduzem a capacidade da Amazônia de absorvê-lo, acelerando o aquecimento global. Em um ciclo que infelizmente se auto alimenta dessa forma.

É urgente reconhecer que a preservação da Amazônia precisa ser economicamente viável para as populações locais. Preservar a Amazônia precisa ser economicamente mais atrativo do que atividades que envolvem desmatamento. Um mercado de carbono estruturado é essencial para criar incentivos econômicos robustos, tornando a floresta em pé mais lucrativa do que outras atividades, como a pecuária, garimpo ou a agricultura intensiva.

Essa dinâmica de mercado cria incentivos econômicos para que comunidades locais e proprietários de terras mantenham a floresta em pé, remunerando-os por serviços ambientais. É fácil exigir, da nossa posição de conforto nas cidades — com ar-condicionado, carros e outras facilidades —, que as populações amazônicas preservem a floresta por puro altruísmo. Precisamos de incentivos reais e significativos para que a preservação seja a melhor opção econômica e ambiental. Preservar a floresta precisa ser um bom negócio para todos.



Fontes:

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